Noam Chomsky, nascido em 7 de dezembro de 1928, na Filadélfia, Estados Unidos, é um dos maiores intelectuais e ativistas contemporâneos, reconhecido por suas contribuições revolucionárias à linguística, sua crítica política incisiva e seu trabalho como filósofo e teórico social. Chomsky é amplamente conhecido por desenvolver a gramática gerativa, uma teoria que transformou o campo da linguística moderna, e por ser uma das vozes mais influentes na crítica ao imperialismo, às políticas externas dos Estados Unidos e à manipulação da mídia. Como pensador, Chomsky une suas profundas análises científicas à filosofia política, sendo uma referência tanto na academia quanto nos movimentos progressistas.
Noam Chomsky, Linguística e Gramática Gerativa
A contribuição mais conhecida de Chomsky à linguística é sua teoria da gramática gerativa, desenvolvida a partir da década de 1950. Chomsky propôs que a linguagem humana é regida por uma série de regras inatas e universais que estruturam o modo como os seres humanos compreendem e produzem frases. Ele desafiou a abordagem behaviorista tradicional, que argumentava que a linguagem era adquirida apenas através da exposição e repetição. Para Chomsky, os seres humanos nascem com uma faculdade da linguagem inata — uma habilidade biológica para adquirir e usar a linguagem.
Um dos pilares de sua teoria é o conceito de gramática universal, que postula que todas as línguas compartilham uma estrutura subjacente comum, e que as diferenças entre elas são superficiais em relação a essa estrutura fundamental. Para Chomsky, a capacidade de aprender uma língua é algo que todos os seres humanos possuem naturalmente, independentemente de qual língua falem, porque todas as línguas seguem regras estruturais semelhantes.
Sua obra mais importante nesse campo, Syntactic Structures (1957), apresentou a ideia de que as frases são geradas por uma estrutura profunda subjacente que pode ser transformada em diversas estruturas de superfície através de regras gramaticais. Isso significa que, por trás de todas as variações linguísticas, há uma lógica comum que governa a formação das sentenças.
Noam Chomsky e A Crítica ao Behaviorismo
Chomsky foi um dos principais críticos da abordagem behaviorista na psicologia e linguística, representada por figuras como B.F. Skinner. O behaviorismo argumentava que o comportamento, incluindo a linguagem, era resultado de condicionamento e aprendizado a partir de estímulos ambientais. Em sua famosa crítica ao livro Verbal Behavior de Skinner, Chomsky argumentou que o behaviorismo não poderia explicar adequadamente como as crianças adquirem a linguagem de forma tão rápida e com base em um conjunto limitado de estímulos.
Chomsky introduziu o conceito de pobreza do estímulo, que sugere que as crianças conseguem adquirir o domínio da língua, mesmo que a exposição ao idioma seja insuficiente para explicar seu aprendizado completo. Ele argumenta que a linguagem não pode ser explicada apenas pela imitação, mas sim por uma capacidade inata de gerar e compreender novas sentenças que nunca foram ouvidas antes.
Essa crítica ao behaviorismo abriu caminho para a revolução cognitiva, que focou na investigação de processos mentais internos, incluindo o estudo da linguagem, como parte da capacidade cognitiva humana. A ideia de que a mente humana tem estruturas internas para processar informações foi um grande avanço na psicologia e na ciência cognitiva.
Noam Chomsky, Mídia e Propaganda
Além de suas contribuições à linguística, Chomsky é amplamente conhecido por sua análise crítica das políticas de mídia e propaganda. Em seu livro Manufacturing Consent (1988), escrito em coautoria com Edward S. Herman, Chomsky desenvolve o modelo de propaganda, que argumenta que a mídia de massa em democracias liberais serve aos interesses das elites corporativas e políticas.
Chomsky e Herman identificam cinco “filtros” que moldam a produção de notícias e a forma como a informação é disseminada:
- Propriedade dos meios de comunicação: As grandes empresas que controlam a mídia têm interesses econômicos que influenciam o conteúdo das notícias.
- Publicidade como fonte de receita: Os meios de comunicação dependem de publicidade para sustentar suas operações, o que os torna vulneráveis à influência de grandes anunciantes.
- Fornecimento de fontes de notícias: As notícias são frequentemente moldadas pelas fontes oficiais e corporativas, que são vistas como mais confiáveis e acessíveis.
- Flak: A crítica e a pressão que os meios de comunicação enfrentam de grupos poderosos, que buscam moldar ou censurar o conteúdo.
- Inimigo comum: A criação de um “inimigo” (como o comunismo, o terrorismo, etc.) que serve para unir o público e justificar as políticas das elites.
Chomsky argumenta que, longe de ser uma força neutra e democrática, a mídia de massa muitas vezes funciona para perpetuar os interesses do poder, manipulando o consentimento público para as decisões políticas e econômicas que favorecem as elites.
Crítica à Política Externa dos Estados Unidos
Chomsky é um crítico feroz da política externa dos Estados Unidos, especialmente de suas intervenções militares e econômicas em países estrangeiros. Ele tem consistentemente denunciado o que chama de imperialismo americano, argumentando que os Estados Unidos muitas vezes usam sua força militar e econômica para subjugar outros países em nome de seus próprios interesses geopolíticos e corporativos.
Em livros como Hegemony or Survival (2003), Chomsky argumenta que as políticas externas dos EUA, como as guerras no Vietnã, Iraque e Afeganistão, não têm a ver com a promoção da democracia ou dos direitos humanos, mas sim com o controle de recursos estratégicos e a manutenção da hegemonia global. Ele também critica as instituições internacionais, como o FMI e o Banco Mundial, que, segundo ele, atuam para reforçar o domínio econômico dos EUA e de outras potências sobre países em desenvolvimento.
Chomsky frequentemente descreve os Estados Unidos como uma “democracia imperial”, onde as elites políticas e econômicas controlam a tomada de decisões, enquanto o público é manipulado ou desinformado sobre os verdadeiros motivos das intervenções internacionais.
Noam Chomsky, Anarquismo e Filosofia Política
Chomsky também é conhecido por sua afinidade com o anarquismo, especificamente com a tradição do anarcossindicalismo. Ele defende uma forma de organização social baseada em princípios de igualdade, liberdade e justiça, em que as pessoas têm o controle direto sobre suas vidas e seus ambientes de trabalho.
Embora Chomsky seja um crítico contundente do capitalismo e das formas de autoritarismo, ele rejeita tanto o comunismo totalitário quanto o capitalismo neoliberal, defendendo uma sociedade mais justa e equitativa, baseada em cooperativas de trabalhadores e na gestão democrática dos recursos.
Chomsky acredita que a verdadeira liberdade e justiça social só podem ser alcançadas por meio de uma organização social que rejeite todas as formas de dominação, sejam elas políticas, econômicas ou culturais. Ele defende o empoderamento local e as formas de democracia direta como alternativas ao estado autoritário e ao controle corporativo.
Obras Principais
- Syntactic Structures (1957): Um dos textos fundadores da gramática gerativa, onde Chomsky apresenta sua teoria de que a capacidade de linguagem humana é inata e baseada em uma estrutura universal.
- Aspects of the Theory of Syntax (1965): Desenvolve a teoria da gramática transformacional e os princípios fundamentais da gramática gerativa.
- Manufacturing Consent (1988, com Edward S. Herman): Um estudo seminal sobre como a mídia de massa serve aos interesses das elites e manipula o consentimento público.
- Hegemony or Survival (2003): Uma crítica das políticas externas dos EUA, argumentando que o país busca manter sua hegemonia global por meio da força e do controle econômico.
- Who Rules the World? (2016): Um exame da geopolítica global, focando na forma como o poder é distribuído e mantido pelas elites políticas e econômicas.
Autores Similares
- Edward S. Herman
- Michel Foucault
- Antonio Gramsci
- George Orwell
- Howard Zinn
- Slavoj Žižek
- Marshall McLuhan
- Jean Baudrillard
- Bertrand Russell
- Karl Marx