Maria Mies

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Maria Mies, nascida em 1931 na Alemanha, é uma socióloga, teórica feminista e ecologista, conhecida por seu trabalho inovador em feminismo eco-socialista, economia feminista e ecofeminismo. Ela é uma das vozes centrais na crítica ao capitalismo global, especialmente em relação aos seus impactos sobre mulheres e comunidades marginalizadas. Mies analisa como a exploração da natureza e a exploração das mulheres estão interligadas, propondo uma alternativa ao capitalismo que incorpore os princípios da justiça social e da sustentabilidade ecológica. Suas ideias são influentes nos estudos feministas, econômicos e ambientais, particularmente em seu conceito de “economia de subsistência”.

Patriarcado e Acumulação em Escala Mundial

Em seu livro mais influente, “Patriarcado e Acumulação em Escala Mundial” (1986), Mies examina a relação entre o capitalismo global e a opressão das mulheres, especialmente das mulheres do Sul Global. Ela argumenta que o capitalismo se desenvolveu historicamente em conjunto com o patriarcado, e que as mulheres foram e continuam sendo uma força de trabalho essencial para o sistema capitalista, ainda que muitas vezes invisível e não remunerada.

Para Mies, o capitalismo e o patriarcado funcionam em sinergia, onde a exploração da natureza e a exploração das mulheres são intrinsecamente interligadas. Ela descreve como o sistema global de produção capitalista depende do trabalho não remunerado das mulheres na esfera doméstica e da exploração dos recursos naturais. Sua análise oferece uma perspectiva crítica sobre o trabalho reprodutivo, enfatizando que o trabalho doméstico e a criação de filhos, frequentemente realizados por mulheres sem remuneração, são fundamentais para a acumulação de capital.

Ela propõe uma ruptura com o sistema capitalista, defendendo uma economia de subsistência que valorize o trabalho reprodutivo e respeite os limites naturais do planeta. Essa visão busca construir um sistema econômico que promova a justiça social e a sustentabilidade ecológica.

Maria Mies, Economia Feminista e Trabalho Reprodutivo

Mies é uma das pioneiras na economia feminista, que coloca o trabalho reprodutivo no centro da análise econômica. Ela argumenta que o trabalho doméstico e de cuidados, geralmente realizados por mulheres, são essenciais para a manutenção da economia, mas são amplamente ignorados ou subvalorizados no modelo econômico tradicional. Em vez de ver o trabalho reprodutivo como secundário, Mies propõe que ele seja tratado como a base da economia.

Ela analisa como o trabalho reprodutivo é essencial para a reprodução da força de trabalho e, portanto, para a própria continuidade do capitalismo. No entanto, ao ser invisibilizado e não remunerado, esse trabalho é constantemente explorado. Mies argumenta que o reconhecimento e a valorização do trabalho reprodutivo são fundamentais para a transformação das relações de poder entre homens e mulheres e para o estabelecimento de uma economia mais justa e equilibrada.

Maria Mies, Ecofeminismo e Justiça Ambiental

Mies também é uma figura importante no ecofeminismo, um movimento que conecta a luta pelas questões de gênero com a luta ambiental. Ela argumenta que o capitalismo e o patriarcado não apenas exploram as mulheres, mas também destroem a natureza, tratando-a como um recurso ilimitado a ser explorado. Essa exploração excessiva dos recursos naturais leva a problemas ambientais graves, como a degradação dos ecossistemas, a poluição e as mudanças climáticas.

Para Mies, a luta pela justiça ambiental é inseparável da luta pela emancipação das mulheres. Ela acredita que as mulheres, especialmente aquelas que vivem em áreas rurais e dependem diretamente da natureza para sua subsistência, são as primeiras a sofrer com a destruição ambiental. Assim, o ecofeminismo propõe uma nova relação com a natureza, baseada no respeito e na reciprocidade, em vez da exploração.

Mies defende uma abordagem ecológica que valorize as práticas sustentáveis e respeite os limites naturais, promovendo uma economia que atenda às necessidades humanas sem destruir o planeta. Esse enfoque ecofeminista é uma crítica ao modelo de crescimento econômico ilimitado, propondo uma economia de subsistência que valorize a diversidade ecológica e cultural.

Maria Mies, Economia de Subsistência e Alternativas ao Capitalismo

Um dos principais conceitos desenvolvidos por Mies é a economia de subsistência, uma proposta de modelo econômico que se afasta do crescimento capitalista e se concentra na satisfação das necessidades básicas das comunidades. Ela argumenta que o capitalismo é insustentável, pois depende do consumo crescente de recursos finitos e da exploração de trabalhadores. A economia de subsistência, em contraste, prioriza a produção e o consumo local, a autossuficiência e o respeito aos recursos naturais.

Mies defende que a economia de subsistência é uma forma de resistência ao capitalismo, permitindo que as comunidades dependam menos do mercado global e sejam mais autossuficientes. Essa abordagem é inspirada em práticas tradicionais de muitas comunidades do Sul Global, que promovem modos de vida sustentáveis e cooperativos. A economia de subsistência busca construir uma sociedade mais justa e solidária, onde o bem-estar humano e ecológico sejam prioridades.

A ideia de economia de subsistência está alinhada com o ecofeminismo e a crítica ao crescimento econômico infinito, oferecendo uma visão alternativa que desafia as normas capitalistas e promove uma relação mais equilibrada entre a humanidade e a natureza.

Maria Mies, Crítica à Ciência e à Tecnologia

Mies também é crítica das abordagens científicas e tecnológicas que tratam a natureza como um objeto a ser manipulado e controlado. Ela argumenta que a ciência e a tecnologia, sob o capitalismo, frequentemente operam como extensões do patriarcado e da exploração capitalista. Em colaboração com Vandana Shiva, Mies publicou “Ecofeminismo” (1993), onde ambas criticam a visão científica que coloca o ser humano acima da natureza e que legitima a exploração ambiental.

Mies sugere que a ciência e a tecnologia devem ser repensadas e usadas de maneira ética e sustentável. Ela propõe uma ciência ao serviço da vida, que promova práticas agrícolas e industriais que respeitem a biodiversidade e sejam sustentáveis, ao invés de apenas buscar a maximização do lucro. Sua crítica à ciência dominante é uma defesa de práticas locais e tradicionais de conhecimento que valorizam o cuidado com o meio ambiente e promovem uma vida digna para as comunidades.

Obras Principais

  • “Patriarcado e Acumulação em Escala Mundial” (1986): Nesta obra seminal, Mies explora a relação entre capitalismo, patriarcado e exploração das mulheres, argumentando que o trabalho das mulheres e a natureza são fundamentais para o sistema de acumulação capitalista.
  • “Ecofeminismo” (1993, com Vandana Shiva): Uma análise do ecofeminismo, onde Mies e Shiva discutem como o capitalismo e o patriarcado afetam as mulheres e o meio ambiente, propondo uma nova ética ecológica baseada na justiça e na sustentabilidade.
  • “Women: The Last Colony” (1988, com Veronika Bennholdt-Thomsen): Um estudo sobre o papel das mulheres no capitalismo global, analisando como o trabalho das mulheres é explorado nas colônias e nos países em desenvolvimento.
  • “The Subsistence Perspective” (1999, com Veronika Bennholdt-Thomsen): Nesta obra, Mies desenvolve a ideia de economia de subsistência como uma alternativa ao capitalismo global, promovendo uma economia baseada na autossuficiência e no respeito aos limites ecológicos.

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