A psicóloga Ediane Ribeiro lança seu mais recente livro Os Tesouros Que Deixamos pelo Caminho pelo selo Paidós, da editora Planeta.
Os Tesouros Que Deixamos pelo Caminho estará nas livrarias no final de outubro e aborda a presença constante do trauma em nossas vidas, seja ele gerado por grandes eventos ou pequenas interações cotidianas. Ao longo do livro, Ribeiro reflete sobre o impacto de traumas transgeracionais, estresse, dependência emocional e trauma racial, compartilhando suas vivências como mulher negra e integrando esse olhar às suas análises científicas.
Com uma ampla presença nas redes sociais, onde acumula mais de 200 mil seguidores, Ediane oferece em seu livro uma combinação entre o relato pessoal e a abordagem técnica. Seu objetivo é que essa mescla entre experiências e teoria toque as pessoas, mostrando o trauma não apenas como uma área de estudo, mas como uma ferramenta para revelar potencialidades adormecidas pela dor.
Em um dos trechos do livro, ela discute a desumanização que o racismo impõe sobre corpos negros, e como essa desumanização afeta, especialmente, crianças. Estudos como o do psicólogo Phillip Goff, citado no livro, revelam que crianças negras são frequentemente vistas como mais velhas e menos inocentes do que realmente são, um reflexo cruel do preconceito estrutural. Esse tipo de percepção pode causar traumas profundos que, como Ediane aponta, começam na infância e se perpetuam ao longo da vida, impactando diretamente o desenvolvimento emocional e cognitivo dessas crianças.
O conceito de “The Talk”, uma conversa necessária que muitos pais negros nos EUA e no Brasil têm com seus filhos para prepará-los para interações com a polícia, é um dos exemplos de como esses traumas históricos reverberam nas novas gerações. Ao longo do livro, a autora compartilha suas descobertas sobre a importância da ancestralidade como uma forma de resistência e cura, reconectando-se a uma história rica e criativa que muitas vezes foi apagada ou distorcida.
O livro também traz uma distinção crucial entre trauma e traumatização. Enquanto o trauma é a resposta imediata do corpo e da mente a uma situação desafiadora, a traumatização acontece quando essas respostas não são processadas, resultando em feridas emocionais que permanecem abertas por muito tempo. A autora explica que o impacto de um evento traumático pode variar de pessoa para pessoa, como ilustra com o exemplo de duas advogadas que sobreviveram a um desabamento. Apesar de compartilharem a mesma experiência, suas reações e processos de recuperação foram completamente diferentes.
Ribeiro também explora o papel das emoções e sentimentos no trauma, inspirada pelo neurocientista António Damásio. Ela descreve como as emoções são reações automáticas do corpo, enquanto os sentimentos surgem quando essas emoções são interpretadas pela mente, dando significado às experiências. No contexto do trauma, essa diferenciação ajuda a entender como podemos começar a processar e lidar com as emoções que surgem após uma experiência traumática.
O é um convite à reflexão sobre como os traumas que vivenciamos podem ser transformados em caminhos de superação, permitindo que alcancemos um resgate da nossa própria potência. Através de sua escrita, a autora nos oferece ferramentas para compreender melhor o trauma e trilhar uma jornada de cura e autodescoberta.