O que é Filosofia? (1929)

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Martin Heidegger e a Investigação sobre a Natureza e o Sentido da Filosofia

O Que é Filosofia? (Was ist das – die Philosophie?), de Martin Heidegger, é uma obra que explora a essência da filosofia e sua relação com a existência humana. Publicada em 1929, a obra reflete o período em que Heidegger desenvolvia sua ontologia fundamental, já consagrada em Ser e Tempo (1927). Em O Que é Filosofia?, Heidegger procura examinar o sentido mais profundo da atividade filosófica e sua importância no questionamento sobre o ser.

Para Heidegger, a filosofia não é apenas uma disciplina acadêmica ou uma série de conceitos teóricos, mas um ato de questionamento radical sobre a própria natureza da existência. O ponto de partida desse questionamento é a busca pela compreensão do ser, uma questão que ele considera esquecida pela tradição filosófica ocidental. A filosofia, para ele, é uma jornada que exige uma abertura para o mistério e para o enigma do ser, afastando-se de respostas fáceis ou conceitos fixos.

1. A Questão do Ser como o Centro da Filosofia

Desde sua obra principal Ser e Tempo, Heidegger coloca a questão do ser (Sein) no centro da sua investigação filosófica. A pergunta “O que é ser?” é, para ele, a questão fundamental que a filosofia deve enfrentar. No entanto, Heidegger nota que, ao longo da história, essa pergunta foi negligenciada ou tratada de maneira insuficiente pelos filósofos, que se concentraram mais em questões ontológicas derivadas, como a natureza das coisas, mas não na própria questão do ser.

Em O Que é Filosofia?, Heidegger continua sua busca por uma compreensão mais fundamental do ser. Para ele, a filosofia é o ato de questionar a totalidade da existência e, ao mesmo tempo, de se deixar questionar pelo próprio mistério do ser. Ele enfatiza que o questionamento filosófico não deve ser visto como uma busca por respostas definitivas, mas como um caminho contínuo de abertura e de aproximação ao enigma do ser.

2. A Diferença Ontológica: Ser e Entes

Uma das ideias centrais de Heidegger, que também aparece em O Que é Filosofia?, é a diferença ontológica entre ser (Sein) e entes (Seiendes). Ele distingue entre o ser como aquilo que permite que qualquer coisa seja, e os entes, que são as coisas particulares que existem no mundo. Para Heidegger, a filosofia ocidental cometeu o erro de confundir ser com entes, tratando o ser como se fosse apenas uma propriedade das coisas particulares.

Heidegger argumenta que a filosofia deve retornar à questão do ser em si, em vez de se concentrar apenas nos entes. Ele insiste que o ser não é uma coisa ou um objeto, mas a condição de possibilidade para que qualquer coisa seja. Filosofar, então, é aprender a perceber essa diferença ontológica, ou seja, reconhecer que o ser é sempre mais profundo e fundamental do que qualquer ente particular.

Esse foco na diferença entre ser e entes leva Heidegger a criticar a tradição metafísica ocidental, que ele vê como obcecada por categorizar e definir os entes, sem se questionar sobre o próprio ser que torna os entes possíveis. A filosofia, em sua visão, deve resgatar essa capacidade de questionar o ser em sua totalidade.

3. Filosofia como Questão, e não como Resposta

Para Heidegger, a filosofia não é uma atividade que visa encontrar respostas definitivas para as questões do ser, mas sim o ato contínuo de questionar e de estar aberto ao mistério da existência. Ele se opõe à visão tradicional da filosofia como um conjunto de sistemas ou teorias fechadas, que pretendem oferecer explicações completas sobre o mundo.

Em vez disso, Heidegger defende que a filosofia deve ser entendida como um “pensamento meditativo”, que envolve uma disposição de abertura e atenção ao enigma do ser. Este ato de meditar não busca domar ou capturar o ser através de conceitos, mas sim estar em sintonia com a sua manifestação. Filosofar, para Heidegger, é manter-se em diálogo constante com a questão do ser, sem pretender resolvê-la de uma vez por todas.

Essa atitude filosófica se afasta das tradições filosóficas que buscam respostas técnicas ou científicas. Para Heidegger, a filosofia não deve ser confundida com a ciência, cuja tarefa é resolver problemas específicos dentro de um campo delimitado. A filosofia, ao contrário, é uma busca sem fim que envolve questionar a própria condição de ser humano no mundo.

4. A Filosofia e o Tempo: O Ser como Devir

Heidegger também explora a relação entre filosofia e tempo. Em sua obra Ser e Tempo, ele já havia argumentado que o ser humano é um ser temporal — ou seja, o ser humano existe no tempo e é fundamentalmente condicionado por ele. O ser não é algo estático ou fixo, mas algo que está sempre em devir, em processo de vir-a-ser.

Em O Que é Filosofia?, essa ideia continua a desempenhar um papel importante. Para Heidegger, o questionamento filosófico é inseparável da experiência do tempo. O ser não pode ser compreendido de maneira fixa ou estática, pois o ser está sempre em movimento, sempre mudando à medida que os seres humanos se engajam com ele através de suas vidas e de sua temporalidade.

Esse foco no tempo também implica que a filosofia não pode ser vista como uma busca por verdades eternas e imutáveis. Em vez disso, a filosofia é um processo contínuo de reflexão sobre o ser no contexto do tempo e da história. Isso significa que o sentido do ser pode mudar ao longo do tempo e que a filosofia deve ser capaz de acompanhar e refletir essas mudanças.

5. O Papel da Filosofia na Existência Humana

Heidegger argumenta que a filosofia é essencial para a existência humana, pois é através dela que nos tornamos conscientes da nossa condição como seres-no-mundo. A filosofia, para ele, não é uma atividade distante ou abstrata, mas uma parte fundamental do que significa ser humano. Filosofar é, em última análise, uma forma de viver autenticamente, ou seja, de viver com uma consciência profunda da nossa finitude e da nossa liberdade.

Para Heidegger, a filosofia nos ajuda a evitar a alienação e a inautenticidade, que surgem quando nos tornamos absorvidos pelo mundo dos entes e esquecemos a questão mais fundamental do ser. Ao questionar o ser, a filosofia nos coloca em contato com a realidade mais profunda da nossa existência e nos desafia a viver de maneira mais plena e consciente.

Em última análise, O Que é Filosofia? é um convite para repensar a natureza e o propósito da filosofia. Em vez de ver a filosofia como um sistema de teorias ou como um campo técnico de conhecimento, Heidegger nos convida a entendê-la como uma jornada de questionamento e de reflexão sobre o mistério do ser e sobre o que significa existir como ser humano no mundo.

Conclusão

O Que é Filosofia? é uma obra que reflete o compromisso de Martin Heidegger com a questão do ser e com a redefinição da filosofia como uma prática de questionamento contínuo. Para Heidegger, a filosofia não deve ser vista como uma busca por respostas definitivas, mas como um caminho para a abertura ao enigma da existência. Ele critica a tradição metafísica ocidental por negligenciar a questão do ser e defende uma filosofia que seja capaz de retornar à sua essência: o questionamento radical sobre o que significa ser.

A obra de Heidegger continua a ser uma leitura essencial para aqueles interessados em ontologia, fenomenologia e a natureza da filosofia. Seu questionamento sobre o ser e sua crítica à tradição filosófica ocidental permanecem influentes e provocam reflexões sobre o papel da filosofia na vida contemporânea.

Obras Relacionadas:

  1. Ser e Tempo, de Martin Heidegger – A obra principal de Heidegger, onde ele desenvolve de maneira mais completa sua análise do ser e do tempo.
  2. O Ser e o Nada, de Jean-Paul Sartre – Um estudo existencialista profundamente influenciado por Heidegger, que também explora a questão do ser e da liberdade.
  3. A Fenomenologia do Espírito, de Georg Wilhelm Friedrich Hegel – Uma obra fundamental da tradição filosófica alemã que também influencia o pensamento de Heidegger.
  4. Investigações Lógicas, de Edmund Husserl – Um trabalho fenomenológico central que antecede e inspira muitas das ideias de Heidegger.
  5. Heidegger: A Introdução à Metafísica, de Martin Heidegger – Uma obra posterior que aprofunda a questão do ser e a crítica da metafísica ocidental.

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