Leon Trotsky, nascido Lev Davidovich Bronstein em 7 de novembro de 1879, na Ucrânia, foi um dos líderes mais proeminentes da Revolução Russa e um teórico marxista revolucionário de grande influência. Ele desempenhou um papel fundamental na Revolução de 1917 e na criação do Exército Vermelho, que consolidou o poder dos bolcheviques na Guerra Civil Russa. Após a morte de Lenin, Trotsky foi exilado e posteriormente perseguido por Stalin, acabando assassinado no México em 1940. Suas ideias, especialmente sobre revolução permanente e oposição ao stalinismo, continuam a inspirar movimentos de esquerda ao redor do mundo.
Revolução Permanente
O conceito mais famoso desenvolvido por Trotsky é o da revolução permanente. Em oposição à ideia de que a revolução socialista deveria acontecer em etapas, com a classe trabalhadora primeiro assumindo o poder nacionalmente antes de buscar a revolução internacional, Trotsky acreditava que a revolução socialista precisaria se espalhar globalmente para ser bem-sucedida. Ele argumentava que, em países economicamente atrasados como a Rússia, a classe trabalhadora poderia liderar a revolução diretamente ao lado dos camponeses, mas que o socialismo só poderia se consolidar se a revolução se expandisse para outros países, especialmente os desenvolvidos.
Por exemplo, Trotsky acreditava que a revolução russa, sozinha, não poderia sobreviver sem a ajuda da revolução nos países industrializados da Europa Ocidental, como Alemanha e Inglaterra. Para ele, a revolução socialista era um processo contínuo e internacional que não poderia ser contido pelas fronteiras nacionais.
Leon Trotsky e a Oposição ao Stalinismo
Trotsky se tornou um dos críticos mais ferozes do stalinismo, a partir da ascensão de Josef Stalin após a morte de Lenin. Ele se opôs à burocratização do Estado soviético sob Stalin, afirmando que o governo stalinista havia traído os princípios da Revolução de 1917 ao consolidar um regime autoritário e antidemocrático. Trotsky acreditava que a centralização do poder nas mãos da burocracia estatal soviética, especialmente através da eliminação de qualquer forma de dissidência, era um desvio do marxismo.
Trotsky fundou a Oposição de Esquerda dentro do Partido Comunista, tentando combater as políticas autoritárias de Stalin, mas acabou sendo exilado. De seu exílio, Trotsky escreveu extensivamente sobre os perigos do stalinismo, defendendo uma revolução política dentro da União Soviética para derrubar a burocracia e restaurar a democracia proletária. Suas críticas ao stalinismo formaram a base do trotskismo, um movimento marxista internacional que se opõe ao socialismo autoritário e à centralização excessiva do poder.
Teoria da Revolução Permanente
Além de ser um conceito político, a teoria da revolução permanente também tem uma dimensão econômica. Trotsky acreditava que os países atrasados não poderiam esperar seguir o caminho clássico de desenvolvimento capitalista seguido pelas potências ocidentais. Ele argumentava que as forças produtivas nos países coloniais e semicoloniais poderiam se desenvolver rapidamente através de uma revolução socialista, que poderia transcender as etapas históricas tradicionais de desenvolvimento burguês.
Assim, a classe trabalhadora poderia assumir o poder antes mesmo que o capitalismo tivesse amadurecido completamente, mas o sucesso dessa revolução exigiria que ela se espalhasse internacionalmente. Trotsky via a revolução socialista como um processo global e interligado, e não um evento isolado em cada país.
Leon Trotsky e O Papel da Classe Trabalhadora
Trotsky acreditava firmemente no papel central da classe trabalhadora na liderança da revolução socialista. Para ele, a classe trabalhadora, com seu papel crucial na produção, tinha a capacidade de organizar e liderar um movimento revolucionário, tanto em países desenvolvidos quanto em países atrasados. Ele acreditava que o papel do partido revolucionário era educar e mobilizar as massas trabalhadoras para que elas tomassem o poder e construíssem um Estado baseado na democracia proletária.
Trotsky também enfatizava a importância da autodefesa da revolução, sendo o principal arquiteto do Exército Vermelho durante a Guerra Civil Russa. Ele organizou e liderou as forças militares revolucionárias, consolidando a vitória dos bolcheviques contra os exércitos contrarrevolucionários e os invasores estrangeiros, e estabelecendo o Exército Vermelho como uma força central na manutenção do novo Estado soviético.
Leon Trotsky e a Frente Unida
Outro conceito central de Trotsky é a frente unida, uma estratégia tática para a luta de classes. Ele propôs que os partidos revolucionários deveriam buscar alianças temporárias com outras organizações de esquerda, mesmo com partidos reformistas, com o objetivo de alcançar objetivos comuns imediatos, como a defesa da democracia e a melhoria das condições de vida dos trabalhadores. No entanto, ele enfatizou que a frente unida não deveria significar a subordinação dos revolucionários aos reformistas, mas sim uma forma de mobilizar as massas para a ação.
Trotsky aplicou essa estratégia em várias situações, como na luta contra o fascismo na Europa dos anos 1930. Ele alertou que a ascensão do fascismo na Alemanha e em outros países europeus exigia uma frente unida entre comunistas e social-democratas para combater essa ameaça, mas criticou a recusa dos stalinistas em colaborar com outras forças de esquerda, o que ele via como um erro fatal.
Obras Principais
- A Revolução Permanente (1930): Desenvolve a teoria da revolução permanente, explicando como o socialismo só pode ser construído em um contexto internacional e contínuo.
- História da Revolução Russa (1932): Relato detalhado e análise da Revolução de 1917, destacando o papel das massas e o processo revolucionário.
- Minha Vida (1930): Autobiografia em que Trotsky narra sua trajetória, da juventude revolucionária à liderança da Revolução Russa e seu exílio.
- A Revolução Traída (1936): Crítica ao stalinismo, argumentando que a burocracia soviética traiu os ideais da revolução e transformou o Estado em uma forma de opressão.
- Literatura e Revolução (1924): Reflexões sobre a arte e a cultura no contexto da revolução socialista, analisando o papel da literatura na transformação social.
Autores Similares
- Karl Marx
- Friedrich Engels
- Vladimir Lenin
- Rosa Luxemburgo
- Antonio Gramsci
- Georg Lukács
- Nikolai Bukharin
- Ernest Mandel
- Isaac Deutscher
- Victor Serge