A Destruição da Razão (1954)

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Georg Lukács e a Crítica ao Irracionalismo na Filosofia Alemã

Em A Destruição da Razão, publicado em 1954, o filósofo marxista húngaro Georg Lukács faz uma crítica abrangente ao que ele considera o crescente irracionalismo na filosofia alemã, especialmente a partir do século XIX. Lukács argumenta que a ascensão do irracionalismo, representado por filósofos como Schopenhauer, Nietzsche, e, mais tarde, os pensadores do existencialismo e do fascismo, foi um desvio perigoso das tradições do Iluminismo e do racionalismo. Para ele, esse movimento culminou na legitimação ideológica do fascismo e do nazismo no século XX, minando a capacidade crítica da razão.

Lukács traça a origem desse irracionalismo filosófico na ruptura com a filosofia iluminista e no desenvolvimento do idealismo alemão. Ele argumenta que, após Hegel, houve um progressivo abandono da centralidade da razão como guia para o pensamento e a prática social. O irracionalismo, segundo Lukács, é uma filosofia que glorifica o instinto, a vontade, e as forças inconscientes, ao mesmo tempo que rejeita o papel da razão e da ciência na organização da sociedade. Ele acredita que essa tendência filosófica não apenas representa um recuo em relação ao progresso intelectual, mas também oferece uma justificativa ideológica para a dominação autoritária e o controle social.

Um dos alvos principais de Lukács em A Destruição da Razão é Friedrich Nietzsche, cujas ideias sobre a “vontade de poder” e o “super-homem” são vistas como uma glorificação da violência e do elitismo. Lukács argumenta que o pensamento de Nietzsche prepara o terreno para o fascismo, ao promover uma visão da sociedade onde o poder e a força são glorificados em detrimento da igualdade e da solidariedade. A crítica de Lukács a Nietzsche é fundamentada em sua defesa do marxismo como uma filosofia que, em sua visão, busca a emancipação humana por meio do uso crítico e coletivo da razão.

Além de Nietzsche, Lukács critica outros filósofos do irracionalismo, como Arthur Schopenhauer e o existencialismo de Martin Heidegger. Ele considera que essas correntes filosóficas desviam o pensamento da crítica social e política, ao se concentrarem nas questões individuais e existenciais, sem fornecer uma análise materialista das condições sociais e históricas. Para Lukács, a ênfase no subjetivismo e no pessimismo existencial dessas correntes filosóficas contribuiu para a despolitização das massas e a aceitação do totalitarismo.

Lukács também argumenta que a ascensão do irracionalismo na filosofia alemã foi parte de uma estratégia mais ampla da classe dominante para minar o potencial revolucionário da classe trabalhadora. Ele sugere que, ao desvalorizar a razão e a ciência, essas filosofias ajudaram a manter o status quo, desviando o foco da luta de classes e da transformação social. O irracionalismo, em sua visão, foi cooptado como uma ferramenta ideológica para legitimar o fascismo e o nazismo, que ele via como expressões do capitalismo monopolista em crise.

A Destruição da Razão é, portanto, uma defesa apaixonada da razão crítica e do marxismo, ao mesmo tempo que oferece uma análise histórica das tendências filosóficas que, segundo Lukács, contribuíram para a ascensão do fascismo. A obra é também uma reflexão sobre o papel da filosofia na sociedade e sobre as consequências políticas das correntes filosóficas que rejeitam o uso crítico da razão em prol de perspectivas mais subjetivas e irracionais.

Para quem deseja explorar outras perspectivas sobre o racionalismo, a filosofia alemã e o papel da filosofia na sociedade, seguem cinco obras recomendadas:

  1. O Ser e o Nada, de Jean-Paul Sartre – Um estudo clássico do existencialismo, uma corrente filosófica criticada por Lukács, que coloca ênfase na liberdade individual e na angústia existencial.
  2. Assim Falou Zaratustra, de Friedrich Nietzsche – Uma das obras centrais de Nietzsche, cujas ideias sobre o “super-homem” e a “vontade de poder” são alvo da crítica de Lukács.
  3. Dialética do Esclarecimento, de Theodor W. Adorno e Max Horkheimer – Explora as tensões entre a razão iluminista e a irracionalidade da modernidade, em diálogo com algumas das críticas de Lukács.
  4. O Ser e o Tempo, de Martin Heidegger – Uma obra fundamental do existencialismo e da fenomenologia, criticada por Lukács pelo seu enfoque subjetivista.
  5. História e Consciência de Classe, de Georg Lukács – Uma obra anterior de Lukács, na qual ele desenvolve suas ideias sobre o marxismo e a importância da consciência de classe.


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